Ele tinha uma lagarta em suas mãos. Linda, viva, fugaz e
totalmente apaixonada pelo abrigo das suas mãos. Mas um dia ele resolveu, mesmo
com os braços presos a uma corrente que ardia e mantinha preso o ninho da
lagarta a si , deixa-la partir. Pois sabia que era chegada a hora da lagarta se
transformar em uma borboleta. E as borboletas necessitam sair das aconchegantes
mãos dos que os protegem pra aprender a crescer. Elas precisam, talvez só longe deles, perceber que as vezes
é preciso esvaziar as mãos do seu dono para que este esteja delicadamente
preparado para receber com seus devidos cuidados a nova estrutura do
“ex-lagarto” , é preciso fincar os pés no chão pra perceber o quão importante é
aprender a voar. É preciso passar um longo tempo sem o abrigo de nenhuma mão
pra dar o devido valor àquela mão que sempre optou por cuidar das deficiências
da pobre lagarta. É preciso ser uma metamorfose. E descobrir que é sendo
borboleta que se dá valor ao alegre espaço que só tínhamos quando eramos
lagartos.
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